sexta-feira, 16 de março de 2012

DELIDO

(respeitosamente dedicado a Rubens Lessa)

No último gole, a sombra o deixou. Mudo
Correu de fora a fora, insólita a ânsia
Pela parte de si cuja importância
(Que era nada) passou a importar tudo.

Do maior ambiente ao mais miúdo
Sequer nódoa de quem com tal jactância
Pela ausência o puniu na circunstância
À falta de denodo, a estar desnudo.

Rastreava a sombra em fuga, o olho vermelho,
E escapou seu reflexo de água e espelho,
Restando a ele quedar-se atônito, a esmo.

No desencontro próprio, a solução
Foi tatear o corpo com a mão
Para saber se ainda era ele mesmo.

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