sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

OCORRERÁ NA QUARTA-FEIRA...



… o retorno do QC. Portanto, marque em sua agenda o nosso compromisso, que se dará no dia 16/12. E, para fechar a semana, queria refletir sobre um tema contundente: a salvação.

Neste nosso Brasil, muitos cristãos defendem a ideia de que Deus procedeu de forma diferente a cada época: nos tempos do AT, salvação teria que ver com obediência à Lei. Quer ser salvo? Esforce-se e siga o que Moisés escreveu. No que toca ao NT, a coisa mudou de figura, e salvação passou a depender da Graça.

Os adventistas sustentam o contrário. Para nós, a salvação sempre foi realizada pela graça de Deus. Nada de boas maneiras. Nada de linhagem exemplar. Deus sabe de nossa miserável condição. Ele sabe o que esperar dos seres humanos – nada! Somos miseráveis, incapazes, corruptos, maus e rebeldes. Se Deus estabelecesse a salvação por méritos, Ele condenaria a raça humana, sem exceção. Seria a forma mais prática de garantir um paraíso vazio.

No entanto, os adventistas também, advogam que, embora a salvação não seja pelas obras, somos salvos para as boas obras, segundo o plano que Deus previamente estabeleceu para nós (Ef 2:8-10). Assim, no quesito salvação, éramos quase que uma voz solitária.

Acontece que muitos grandes estudiosos evangélicos começam a se manifestar, opinando de forma semelhante aos adventistas, embora não por sofrerem sua influência; tais estudiosos alcançaram suas conclusões pelo estudo da Bíblia, da mesma forma que nós.

Um exemplo recente é Christopher J. H. Wright. Ele afirma que no AT, de forma específica, e na Bíblia, como um todo, a “ética é fundamentalmente teológica”; segundo ele, “pressupostos éticos estão em cada ponto relacionado com Deus – com seu caráter, sua vontade, suas ações e seu propósito.”[1]

“[…] Quando Israel ia após outros deuses (para usar a frase mais comumente empregada em Deuteronômio e nos livros históricos), os efeitos não eram apenas religiosos, mas também éticos. Ou, especificamente, ‘não-éticos’ – pois a idolatria sempre tem desastrosos efeitos sociais e éticos, como os profetas viram claramente.” Assim não se trata de obediência cega ás regras; tudo começa com um Deus que toma a frente e espera uma resposta de obediência e gratidão à Sua iniciativa graciosa [2]. Isso fica claro no livro de Deuteronômio, quando o prólogo histórico (Dt 1-4) precede a responsabilidade ética, com a recapitulação dos dez mandamentos (Dt 5)[3]. Mesmo no NT, o amor divino antecipa a resposta obediente do ser humano (cf. Jo 15:12; 1 Jo 4:19). Assim, segundo Writh, seria uma distorção pensar que no AT a salvação se dava por mera obediência a lei, enquanto no NT a salvação ocorre pela graça; apoiando-se nos escritos de Paulo, ele diz que a “graça é o fundamento de nossa salvação e de nossa ética em toda a Bíblia.”[4]

Assim, ainda temos muito que aprender com o relacionamento entre Iavé e o povo da aliança. “[…] Israel era uma comunidade de memória e esperança. Foi na recordação e retenção de seu passado, e na esperança daquela geração para o futuro, que Israel aprendeu principalmente a condição de sua própria identidade e missão, e a qualidade ética da vida apropriada para ambas.”[5] Sejamos, pois, obedientes ao Deus que nos salvou por Sua tão maravilhosa graça!

[1] Christopher J. H. Wright, Old Testament Ethics for the People of God (Grove, Ill: Intervarsity Press, 2004), p. 23.
[2] Idem. Writht ilustra a iniciativa divina dizendo que, em um primeiro momento, Deus não revelou sua lei na sarça ardente ou sequer pediu a Moisés que fosse ao Egito anunciar sua lei aos escravos; Antes disso, o Senhor agiu, resgatando Israel da escravidão e depois de redimi-lo lhe deu a Lei (a qual deveria ser obedecida dentro do contexto da aliança). O autor conclui que os “israelitas não foram chamados a guardar a lei até que Deus pudesse salva-los e eles pudessem ser seu povo.” Ver p. 27-28.
[3] Idem, p. 28.
[4] Idem, p. 29.
[5] Idem, p. 26.

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