segunda-feira, 14 de setembro de 2009

TODOS ACREDITAM

Dawkins: ícone do ateísmo midiático

Divulgada recentemente, uma pesquisa do Datafolha de 2008 apresenta que um 1% dos jovens brasileiros (com idades entre 16 e 25 anos) assumem ser ateus. Curioso é perceber muitas das razões apresentadas para o abandono de crenças tradiocionais (em geral, o Catolicismo). Segundo recente reportagem da Folha de São Paulo [1], um dos fatores mais fortes é o fortalecimento de um ateísmo que eu chamo de midiático, mas que é mais bem conhecido como neoateísmo. Trata-se de uma postura engajada por parte de certos indivíduos e entidades que, além de apresentarem uma convicção ateia, preocupam-se em realizar um proselitismo quase religioso, buscando convencer outros de que Deus não existe. Para eles, não basta conquistar o direito de não crer em Deus - eles querem mais: ninguém deve crer em divindade alguma!

Entre os proponentes dessa postura, está o polêmico biólogo Richard Dawkins. Como Dawkins, muitos estão convencidos da superioridade da ciência. “A reivindicação da verdade por parte da ciência é fortalecida por sua espetacular capacidade de fazer com que a matéria e a energia pulem das argolas de acordo com os comandos, e de perceber o que acontecerá e quando”, advoga Dawkins [2]. Como é comum entre os representantes dessa tendência, faz-se confusão entre ciência, como empreendimento humano, e cientificismo (ou, naturalismo filosófico, a crença pela qual não se admite a existência de seres sobrenaturais e que restringe a matéria ao mundo físico).

Muitas das conquistas científicas da qual Dawkins se gaba foram desenvolvidas num cenário em que o Cristianismo era o referencial intelcetual. A ciência, como atividade humana não pode provar se Deus existe, ou se não existe, por que isso não constitui seu objetivo. Pode-se partir de uma base cristã ou naturalista para realizar ciência; mas para averiguarmos qual dos dois modelos é mais confiável, deveríamos questionar como ambos tratam as evidências e até mesmo inspecionar a base filosófica por trás das visões distintas sobre a práxis científica.

Outras razões para o abandono da religião está na confusão promovida pelas diversas manifestações religiosas, muitas das quais antagônicas entre si. Ora, esse não é um problema restrito ao Cristianismo: cientistas discordam entre si o tempo todo; há várias escolas rivais de astrólogos; xiitas e sunitas não são os melhores amigos do mundo!

Entretanto, a melhor forma de avaliar movimentos divergentes que partem de um mesmo ponto de origem, é justamente investigar a base. No que tange aos cristãos, se eles admitem que creem na Bíblia, que se examine a Bíblia, para ver quem realmente a segue! A dificuldade quanto a este método está relacionada com o crescente desconhecimento da Escritura sagrada dos cristãos. Logo, muito são ateus por ignorância, não por serem "brilhantes" (como se intitulam Dawkins e seus confrades).

Curiosamente, alguns jovens ateus reclamam de discriminação; parece-me, entretanto, que a postura ácida que muitos adotam mostra que eles mesmos manifestam mais preconceito do que dizem sofrer! Não vejo mente aberta em ateus que acusam os cristão de "dogmáticos" - quem disse que os ateus não podem ser fanáticos e seguirem "doutrinas" peculiares?

Em meio ao cenário de ventos favoráveis ao ateísmo, só resta aos cristãos desempenhar uma forma inteligente de abordar as críticas e dúvidas daqueles que, sincera ou insinceramente, se levantam contra Deus e a Bíblia, e fazê-lo com a esperança de que um diálogo aberto revele de que lado está a Verdade.


[1] Juliana Calderari, Eu não acredito, Folhateen, 14 de Setembro de 2009, pp. 6-7.
[2]Richard Dawkins, O capelão do Diabo (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2005), p. 36.

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