sábado, 19 de setembro de 2009

PROPOSTA A UM PASTOR

Gauchiando as graxas Tropel inseguro Fôlego de acuado E ele Ele não podia se enganar Não era mais nenhum garoto Como o que um dia cresceu entre incensos e pompas dos mitos no Egito Prestes a dar um abraço-sobrado O terreno parece-lhe instantaneamente outro A terra muda de aspecto Adamardente se tornando Seus sentidos convocam um temor reverente Submisso à presenças mais imponentes Cessa o rumor-pés E o arco da íris vislumbra uma sarça Indeciso Mal sabe se fica e descobre Ou corre e se convence de que tudo não passou de um desatino Que desatino o quê Aquilo era real Algo tangível Seria mesmo Que tal ver e tirar a prova Lacraneiramente Um vento lhe espicaça as costelas Fustigadas por temores de um passado emergente Costelas de um ancião Vale dizer A sarça Cinzas-oxigênio Fruto de contrastes inexplicáveis Quando a razão lhe alcança A voz de uma potência que se escondia A vida fluindo Com que aflição o chamado o encontra Deus animando seu espírito acostumado aos currais de Midiã Indiferente ao papel-salvador O ruído-faca que a voz instala Cortando-o medularmente para se apresentar diante do homem que esmagou o mundo sob seu cetro Ele não podia se enganar Não era mais nenhum revolucionário viril Como o que matou um feitor que maltrava um patrício Ser enviado assim Mas por quem Ah Aquele O Mesmo que falara aos patriarcas O Eterno O Juiz dos povos que habitam os continentes Procurador de raças que se instalaram em ilhas distantes Justo ele era o escolhido pelo Deus de seus pais para um desafio suicida A vara Ele a larga e Epa Acode Acode De onde veio a serpente Basta uma ordem Ainda vascila Sua frio Recobre a coragem A serpente Novamente é vara E agora Credo Peito da cor da neve Só pode ser lepra Deus No íntimo Se divertia com o susto que Seu filho tinha das coisas que julgava impossível E Ao mesmo tempo Batia-Lhe aquela tristeza Pela desconfiança do Seu mensageiro Tinha à Sua frente um líder em perspectiva Instrumento certo Todavia Cheio de momentânea incerteza Finalmente o encontro termina O homem depende de um braço humano E o condescendente Senhor permite que ele encontre um par Seu próprio irmão A sarça volta a ser uma entre tantas Sem labaredas aureolando seu contorno debilitado Só o pastor se enche de uma eterossidade camuflada por seus cuidados de ofício Mas sem poder se enganar Não era mais o mesmo depois que a Língua-galáxia incutiu Seu ideal em seus ouvidos Acha a ovelha E tem outra a buscar Israel

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