segunda-feira, 25 de agosto de 2008

ADICTA E CONVICTA


33 anos antes. A pesquisa dos repórteres alemães Kai Herman e HorstRieck (revista Stern )sobre usuários de Heroína se deparou com Christiane. Menina de pais divorciados. Sem rumo, ela passou a frequentar a Gangue do Zoo (que injetava a droga nos banheiros da estação de trem Banhof Zoo). Além de usuária, Christiane se prostituía para continuar comprando Heroína. E isto aos treze anos. Aquele achado humano extrapolou a matéria da Stern. Surgiu um livro contando a vida da menina que Herman e HorstRieck entrevistaram – “Eu, Christiane F., 13 anos, Drogada e Prostituída”. Lembro-me do volume, que trazia na capa o rosto de uma moça desconcertantemente triste, na estante da casa de meus pais. 
Na esteira do sucesso do livro, surgiu um filme homônimo. Com o ganho pelos direitos autorais, a pequena Christiane tinha a oportunidade de largar a vida miserável dos guetos. Mas não foi bem assim que a realidade se apresentou. Um breve histórico da vida de Christiane mostra o que aconteceu:

1983: Christiane é detida no apartamento de um traficante. Sai livre, mediante pagamento de fiança.
2005: Problemas circulatórios, dependência de Metadona (analgésico que substitui a heroína em tratamento para dependentes) e hepatite tipo C fazem parte do diagnóstico de Christiane. Parecia não haver mais solução.
2007: Christiane, em entrevista ao canal TV ARD, fala sobre sua recuperação e abandono completo da dependência das drogas.

33 anos depois (2008). Após voltar de Amsterdã, aonde viveu uma conturbada temporada com o amigo Joachim S. e o filho Jan-Nicklas (de 12 anos), Christiane perde a guarda do menino. Segundo o depoimento de Joachim, Christiane, durante o tempo na Holanda, bebia, fumava maconha e relegava o seu filho à companhia do videogame. Posteriormente, repórteres do jornal B.Z. encontraram adivinhe quem comprando a droga Rohypnol (semelhante à Heroína)!…
Em mais de 30 anos, com 15 internações e muitas recaída[1], Christiane Vera Felschrinow ensina sobre o poder da vontade humana, que é tanto capaz de se determinar a alcançar o que delibera, quanto de se acomodar e se quedar vencida.

[1] Usei livremente as informações da reportagem de Celso Masson, “De volta ao inferno”,  in Época, nº 535, 18 de Agosto de 2008, seção Primeiro Plano, 19-20.

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